O autor das fábulas deve, portanto, libertar-se de todas as amarras, ultrapassar todos os limites, sem receio de ferir sensibilidades, ser exagerado, quer nas personagens, quer nas respetivas ações, agir como um Deus que põe e dispõe dos seres que comanda a seu belo prazer. Se necessário for, poderá inclusivamente alhear-se da sua natureza humana. Tudo isso em prol da pureza da mensagem que pretende veicular. Serve todo este preâmbulo para dar uma noção próxima da grandeza do desafio a que me proponho ao converter em fábula este romance sobre os amores da minha vida. E, para um começo com pompa e circunstância, nada melhor do que começar pelo fim. Mais precisamente, pelo fim de uma utopia coletiva.